O câncer é uma doença genética. O fenótipo
maligno é resultado de uma alteração no material genético, que é transmitida da
célula alterada para suas células filhas. As células cancerosas são variantes
de células normais que perderam a habilidade de controlar seu crescimento. Para
tal, entretanto, diversas modificações devem ocorrer, de forma a propiciar a
condição necessária à conversão de uma célula normal em célula cancerosa:
A primeira etapa é a IMORTALIZAÇÃO,
na qual uma modificação genética leva a célula a perder o controle de sua
proliferação, sem, contudo, deixar de responder a estímulos e fatores
limitantes de crescimento tais como aderência a substrato, requerimento de
fatores de crescimento e inibição por contato.
A etapa subsequente é a
TRANSFORMAÇÃO, quando a célula sofre alterações morfológicas, perde a
necessidade de substrato, não mais é inibida por contato e passa a proliferar
indefinidamente, desenvolvendo um tumor sólido.
Por final, com a vascularização
(angiogênese) do tumor, as células cancerosas podem se deslocar através do
endotélio dos vasos, alcançando a corrente sanguínea (ou as vias linfáticas) e
sendo carreadas pelo organismo, podendo colonizar outros tecidos. Este momento
é denominado METÁSTASE.
As alterações genéticas de uma
célula que a convertem em células cancerosas podem ser herdadas (oriundas de
células germinativas) ou adquiridas (quando ocorrem em células somáticas). Estima-se que ao menos cinco eventos mutacionais
devam ocorrem para indução do câncer, permitindo que a célula rompa uma série
de barreiras fisiológicas que restringem o desenvolvimento. Em alguns tipos de
câncer, a agregação familiar é observada de forma bastante clara, revelando que
a herança genética para o desenvolvimento tumoral é definida. Nestes casos
hereditários, as células já possuem uma mutação pré-existente, requerendo
poucos eventos subseqüentes para a indução da carcinogênese. Na maioria dos casos,
entretanto, não há um padrão hereditário definido.
Os
tumores, de uma forma geral, apresentam seis alterações essenciais na
fisiologia celular. Juntas, estas alterações determinam o crescimento tumoral
maligno: 1 - auto-suficiência aos fatores de crescimento, 2 - insensibilidade
aos sinais que inibem o crescimento celular, 3 - evasão da morte celular
programada (apoptose), 4 - potencial replicativo ilimitado, 5 - angiogênese
sustentada e 6 - invasão tecidual e metástase.
Duas
classes principais de genes estão diretamente relacionadas ao desenvolvimento
tumoral: os oncogenes e os genes supressores tumorais. Os oncogenes são genes
responsáveis pela transformação maligna de células e as suas versões celulares
são designadas proto-oncogenes. Já os
supressores tumorais são genes que, quando deletados ou inativados, causam
aparecimento de câncer.
Segundo
Ward (2002), anormalidades tanto nos
genes estimuladores de divisão celular (chamados de oncogenes), como nos
protetores ou bloqueadores do ciclo celular (chamados de genes supressores
tumorais), podem conferir a uma célula vantagens de crescimento e
desenvolvimento. Ssobre as células
normais. Cada uma das proteínas envolvidas no ciclo celular é codificada por um
gene. Mutações nestes genes podem levar à desregulação do ciclo celular. Os
genes que atuam de forma positiva, induzindo ou estimulando a progressão do
ciclo, são chamados proto-oncogenes, pois ao sofrerem mutações se tornarão
oncogenes, cuja ação permitirá ganho de função à célula mutante. Ao contrário,
as proteínas envolvidas no controle negativo do ciclo celular são codificadas
pelos assim chamados genes supressores tumorais. Mutações neste grupo de genes
se manifestarão pela sua falta de ação mas o efeito final será similar: perda
dos mecanismos controladores do ciclo celular normal (Ward, 2002. Arq Bras
Endocrinol Metab 46(4):351-60).
Diversos
elementos estão associados ao desencadeamento do câncer, sendo denominados
carcinógenos ou agentes carcinogênicos. Estes elementos atuam aumentando o
risco de ocorrência dos eventos necessários ao desenvolvimento tumoral, levando
ao surgimento do câncer. Nos indivíduos geneticamente predispostos o risco
ainda é maior.
Valeu professor
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